Car-T Cell é reconhecido como tratamento contra a leucemia

Uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) sugere que para cada ano do triênio de 2023 a 2025 serão diagnosticados 11.540 casos de leucemia, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres. Na linha de frente da batalha contra a leucemia a medicina deu um salto e apresentou um recurso oncológico que está contribuindo muito para o seu tratamento. Trata-se do Car-T Cell.

O mesmo estudo do INCA revelou o quanto essa doença é grave. De acordo com os relatos, apenas em 2020 ocorreram no Brasil 6.738 óbitos por leucemia. Destes, 3.703 foram de homens e 3.035 de mulheres. Com esses números, a leucemia torna-se o décimo tipo de câncer mais frequente entre os brasileiros.

É no combate às estatísticas que entra o Car-T Cell. Relativamente novo, já apresenta bons resultados, inclusive, para o tratamento de doenças já sem opções terapêuticas. Conhecida também como CAR-T, o tratamento consiste na alteração em laboratório dos linfócitos T do paciente com câncer para que esses passem a reconhecer e combater as suas células malignas.

No Brasil, ainda são poucos médicos capacitados para a realização dessa técnica. Um deles é o hematologista Guilherme Muzzi que, em sua trajetória pelo aperfeiçoamento da técnica, viajou à Barcelona, na Espanha, para estudar e se especializar.

“Tive a oportunidade de trabalhar com médicos de referência em Car-T Cell na Europa. Tenho certeza de que é uma grande esperança para as pessoas que já tentaram de tudo no tratamento do câncer e ainda não obtiveram sucesso. Vi resultados surpreendentes em pacientes com leucemia linfoblástica aguda B, linfoma não Hodgkin e mieloma múltiplo refratários ao tratamento padrão”, destaca o médico.

O especialista ainda detalha como é o processo do Car-T Cell. “Tudo começa com a coleta de linfócitos T do sangue do próprio paciente com câncer por meio de uma máquina. Em seguida à coleta, eles são geneticamente modificados em laboratório para expressar um receptor quimérico que lhes confere a capacidade de reconhecer e atacar especificamente as células cancerígenas. É como equipar as células do sistema imunológico do paciente com um detector de alvo especializado. A partir desse momento, os linfócitos T são chamados de Car-T Cells. Elas são retornadas para o corpo do paciente como se fosse uma transfusão. Por fim, já no seu organismo, elas começam a procurar as células malignas. Essa técnica é muito eficiente e tem apresentado resultados incríveis”, conta.

Para Muzzi, essa terapia personalizada vai além dos tratamentos convencionais. “Nós aproveitamos o poder do sistema imunológico de cada paciente de forma singular. É como armar o corpo com uma equipe de elite para combater o inimigo, célula por célula. Claro que cada paciente reage de algum jeito. Alguns apresentam, inclusive, reações ao tratamento, mas, na maioria das vezes, o Car-T Cell é uma esperança”, completa.

Histórico do Car-T Cell no Brasil.

Guilherme Muzzi conta que no Brasil o primeiro caso de uso da técnica ocorreu em 2019. O aposentado Vamberto Castro, à época com 62 anos, estava com linfoma em estado grave e sem resposta aos tratamentos convencionais. Cerca de 20 dias após o Car-T Cell, o paciente já apresentou melhora. Os exames passaram a mostrar que as células cancerígenas desapareceram. No fim do mesmo ano, o paciente faleceu em decorrência de um acidente doméstico, não tendo completado o tratamento.

Próximos passos

O médico explica que o tratamento ainda é muito caro e o desafio é que o procedimento se torne cada vez mais acessível. “Atualmente o custo do tratamento com Car-T Cell é de cerca de R$ 2 milhões e 500 mil reais, mas tenho certeza de que daqui a um tempo ele ficará mais disponível para a população brasileira. Estou trabalhando para implantarmos essa terapia em Belo Horizonte e tenho certeza de que em breve ofertaremos esse serviço para a população”, conclui o médico.

DINO

Recent Posts

Cúpula Ministerial Global sobre Segurança do Paciente homenageia Joe Kiani, fundador da PSMF

Líderes globais em segurança do paciente se reuniram no primeiro dia da 11ª Cúpula Mundial…

1 dia ago

Esporte Clube Sírio promoverá sessão de cinema com o filme “O casamento de Ali”

Sábado é dia de cinema árabe no Esporte Clube Sírio. Por meio do seu Núcleo…

1 dia ago

SindHosp fecha parceria com o consulado britânico para resolver desafios na área

O evento, reunindo gestores de saúde das maiores instituições brasileiras e a delegação britânica, foi…

1 dia ago

Websérie fala de dilema no diagnóstico da esclerose múltipla

A Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) lançou, no dia 30 de agosto, o terceiro…

1 dia ago

FIDI abre inscrições para Pós-graduação em Ultrassonografia

A Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), instituição privada sem…

1 dia ago

Campanha educativa visa reduzir o número de animais abandonados

O abandono dos animais é crime no Brasil, de acordo com as leis federais 9.605/98…

1 dia ago